A preservação da rua José Avelino e o comércio atacadista

5 janeiro 2016

A atividade comercial atacadista de moda em torno da José Avelino é uma potência. Emprega entre 10 a 12 mil feirantes

O problema de ocupação desordenada do Centro de Fortaleza parece sem solução, mas não é. A vitalidade econômica do nosso centro comercial é, ao mesmo tempo, problema e solução. Então, por que entra governo e sai governo e os problemas do Centro não se resolvem? Um dado curioso é que, nas últimas gestões, cada novo(a) prefeito(a) de Fortaleza passou metade do mandato estudando os problemas do Centro e a outra metade elaborando soluções, que são quase totalmente abandonadas pelo(a) gestor(a) seguinte, que começa tudo de novo.

Os exemplos comprovam que a construção de uma cidade é tarefa de várias gerações e deve obrigatoriamente combinar planejamento de longo prazo e controle desse planejamento pela sociedade. Daí, a persistência de arquitetos e urbanistas pelo fortalecimento do Instituto de Planejamento de Fortaleza, o Iplanfor (recriado na gestão passada) e pela criação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano, ainda não ocorrida.

O caso da ocupação da rua José Avelino por ambulantes (e galpões no entorno) é um desses problemas cuja solução passa, a nosso ver, por ações de planejamento e controle social. A atividade comercial atacadista de moda em torno da José Avelino é uma potência. Ela abastece cidades do interior do Ceará, cidades do Piauí, Maranhão, Pará, Rondônia, Rio Grande do Norte e Paraíba, dentre outras. E emprega entre 10 a 12 mil feirantes (mais os indiretos) que atendem a uma média de 100 ônibus por feira, com duas feiras por semana. Cada ônibus traz, em média, 50 compradores (sacoleiras) que compram R$ 5.000 por feira. Fazendo as contas: a grosso modo, são mais de R$ 2,4 bilhões de vendas por ano! Mais de 480 mil visitantes por ano!

Qual sociedade não gostaria de ter essa riqueza para a sua indústria, comércio e turismo? Porém, o que falta, portanto, é um espaço e local adequado! Um reordenamento do setor. Um novo centro atacadista e hoteleiro, que acomode bem as atividades e estimule ainda mais o seu desenvolvimento. Cabe aos governos potencializar esse local adequado. O setor privado pode ser parceiro na realização dos investimentos por meio de operações urbanas consorciadas e parcerias público-privadas previstas em lei.

A demora numa solução adequada para a ocupação desordenada da rua José Avelino tende a gerar mais prejuízos para a economia e aumento da depreciação do centro histórico da Cidade. E quanto mais demorar a intervir, mais difícil será.

Odilo Almeida Filho

presidente@cauce.gov.br
Presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Ceará (CAU/CE)

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O Povo